2010 . BIG
Diagramas do projeto 8 House
O escritório dinamarquês BIG (Bjarke Ingels Group) ganhou notoriedade internacional a partir das estratégias de comunicação dos seus diagramas, que explicam a concepção formal de seus projetos a partir da interferência de forças externas. O diagrama utilizado pelo BIG, “em consonância com o pensamento pragmático de Peirce […], atribui a cada projeto um ícone inicial. Para somar o saber arquitetônico com sua capacidade comunicativa e comercial, o diagrama volta a ser um ícone” (MONTANER, 2017, p.46).
No projeto 8 House (2010), os diagramas representam a interferência das informações do lugar na definição das estratégias de projeto e na construção da forma.
2012 . Rem Koolhaas / OMA
Diagrama do CCTV Headquarters
O objetivo do arquiteto “tem sido reformular de maneira sistemática e inteligente as categorias de espaço e tempo na arquitetura. Para isso tem sido fundamental uma leitura perspicaz e precisa do contexto, aperfeiçoando-se instrumentos de análise da realidade. Por isso, o AMO é o instrumento capaz de encontrar maneiras de fazer com que toda a informação seja reelaborada e filtrada em esquemas e diagramas que possam fornecer pistas ao projeto arquitetônico, cultural e urbano. Por conseguinte, os diagramas servem para traduzir gradualmente os dados em meios expressivos e processos e, somente no final, em formas” (MONTANER, 2017, p.65).
DIAGRAMAS CONTEMPORÂNEOS – Uma síntese das possibilidades
Neste ponto da legibilidade do território, o diagrama contribui para o entendimento do lugar em razão do seu potencial no agenciamento de diferentes informações que se sobrepõem no espaço urbano. Reconhecer as diferentes camadas e dimensões do espaço, bem como suas relações, é de extrema relevância na potencialização da análise do lugar existente e na visualização das forças que atuam na sua transformação.
Neste sentido, as vertentes conceituais, de Bernard Tschumi, e formalista, de Peter Eisenman, são criticadas por não agregarem informações relativas ao contexto e às experiências, transformando o diagrama em um instrumento operacional de formas geométricas e abstratas, que segundo Montaner (2017, p.64), “pode levar um uso intensivo dos diagramas de maneira arbitrária” e à limitação do espaço pela relevância do conceito e da forma. A experiência do BIG, ainda que considerada formalista, traduz o potencial do diagrama na representação de forças que atuam e definem o espaço, além de destacar o potencial comunicativo do instrumento na apresentação de projetos.
Os diagramas dos escritórios SANAA e UNStudio, caracterizados como funcionais por Montaner (2017), trazem contribuições importantes para os processos diagramáticos. O primeiro explora a possibilidade do instrumento em relacionar as atividades com o espaço, segundo modulações e não formas. O segundo insere as dimensões do volume e do tempo, apoiando-se no diagrama como instrumento de visualização e compreensão das informações do campo e dos fluxos internos. Ainda que vinculados à estética e à forma arquitetônica, o uso dos diagramas sob o ponto de vista do UNStudio aponta para o potencial do instrumento em atrasar a tipologia, retardando a adoção de signos e conceitos pré-definidos no processo de projeto de arquitetura e urbanismo.
Zaha Hadid e MVRDV utilizam o potencial paramétrico do instrumento e apontam uma questão central nos processos diagramáticos: as definições espaciais e formais em razão da articulação de informações e parâmetros.
Por fim, o escritório OMA e o arquiteto Eduardo Arroyo apontam o diagrama como instrumento processual de sistematização de informações estruturais, urbanas, políticas, sociais e tecnológicas do contexto, definindo categorias de espaço e tempo que sustentam o projeto e traduzem, gradualmente, dados em formas. Essas informações auxiliam também na previsão ou aferição de vetores de transformação do espaço, que podem ser potencializados no projeto para promoverem a ação de transformação.
A possibilidade de rápida visualização da complexa rede de informações conecta a percepção visual ao pensamento, fazendo com que tanto o diagrama quanto o raciocínio diagramático caracterizem a ação de diagramar as informações como um processo gradativo de construção do conhecimento. Ao permitir a representação e articulação de diferentes informações, os diagramas como instrumentos nos processos de projetos de arquitetura potencializam, para além da forma e da função, a construção de espaços coerentes com as pessoas, com o tempo e com o lugar.
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REFERÊNCIAS
Adaptado por Carolina Amarante Boaventura a partir da dissertação:
BOAVENTURA, Carolina A. Processos diagramáticos de projeto no espaço socioinformacional: Uma experiência no ensino de projeto de Arquitetura. Dissertação de Mestrado, NPGAU/UFMG. Orientadora. Denise Morado. 2017. Disponível em: https://praxis.arq.ufmg.br/textos/disserta-boaventura.pdf
Referências:
– MONTANER, Josep Maria. Do diagrama às experiências, rumo a uma arquitetura de ação. São Paulo: Gustavo Gili, 2017. 192p.