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Espacialização de informações

Seguimos dando continuidade à nossa série de 6 textos que abordam estratégias de comunicação e experiências do uso de diagramas como instrumentos de especializar informações e apresentar projetos de arquitetura.

1945 . Le Corbusier

Proporções do corpo do Modulor

Explorando as medidas do ser humano e as estratégias de comunicação do diagrama, Le Corbusier, arquiteto e urbanista central no movimento moderno, utilizou o que Montaner (2017) chamou de diagrama de análise de proporções ao desenvolver os “sistemas de proporções clássicos com o Modulor” (MONTANER, 2017, p. 21). Segundo Mônica Arellano (2019), em meio a “um processo [iniciado na Revolução Francesa] de padronização estratégica que utilizou o metro como ferramenta que deveria ser inserida e adotada como medida padrão”, Le Corbusier atuou em “um esforço por encontrar a relação matemática entre as medidas do homem com a natureza”. Nesse sentido, o “modulor marca um avanço importante dentro da história da arquitetura, pois nos fez perceber a desarticulação corporal que a indústria produz nas constantes tentativas de padronização”.

modulor

– Figura: Le Modulor (1945), Le Corbusier. Disponível em: <http://www.fondationlecorbusier.fr/corbuweb/morpheus.aspx?sysId=13&IrisObjectId=7837&sysLanguage=en-en&itemPos=82&itemCount=215&sysParentId=65&sysParentName=home> Acesso em Julho/ 2017

1949 . Rudolf Wittrower

Vilas de Andrea Palladio

Rudolf Wittrower utilizou o diagrama como instrumento de análise dos sistemas de proporções nas obras de Andrea Palladio*.

Segundo Pereira (2009), “A conexão entre projeto arquitetônico e história da arquitetura ganhou novos contornos desde a publicação de Architectural principles in the age of humanism por Rudolf Wittkower em 1949. Dentre seus quatro capítulos, o livro tem um dedicado aos princípios da arquitetura de Palladio, abordando separadamente villas, palácios e templos. Wittkower examina os edifícios buscando padrões de plantas, sistemas organizativos de fachadas e esquemas de visualização perspectiva em interiores. No capítulo final, Palladio comparece na discussão sobre a aplicação de sistemas harmônicos de proporção na arquitetura.” Nesse processo de análise da obra de Palladio, Wittrower estabeleceu “o esquema do ‘quadrado dividido em nove partes’ que, apesar de sua extrema simplificação, tornou-se um princípio fundamental do sistema de projeto de […] Peter Eisenman e John Hejduk” (MONTANER, 2017, p. 53).

diagrama como instrumento de análise

– Figura: Architectural Principles in the Age of Humanism (1949), Rudolf Wittkower. Disponível em: <http://www.architakes.com/?p=6596> Acesso em Julho/ 2017

o instrumento de análise 2

– Figura: Architectural Principles in the Age of Humanism (1949), Rudolf Wittkower. Disponível em: <http://www.architakes.com/?p=6596> Acesso em Julho/ 2017

*Andrea Palladio, arquiteto italiano, foi um dos mais importantes personagens do período do Renascimento na Itália. Palladio elaborou um tratado arquitetônico em quatro livros que “abordam as ordens arquitetônicas, a edificação doméstica e pública, o urbanismo, a construção sacra e as obras da antiguidade” (STUMPP, 2013). Além das referências aqui citadas, sugiro ler o artigo: https://vitruvius.com.br/index.php/jornal/news/read/143

1961 . Cedric Price

Axonometria do Fun Palace

Os diagramas de Cedric Price trouxeram importantes discussões para o uso do diagrama em projetos de arquitetura e urbanismo. Segundo Montaner (2017), Cedric Price utilizou os diagramas de diversas maneiras (diagramas estruturais, tridimensionais, de fluxos, de usos urbanos e modulares), explorando o potencial de transformação dos espaços pela promoção da interação entre edifício e usuário. Na proposta do Fun Palace, segundo Mathews (2005), Price incorporou discussões da cibernética, tecnologia da informação, teoria dos jogos, Situacionismo e teatro para produzir projetos de arquitetura socialmente interativos, capazes de se adaptar às mudanças culturais e sociais do tempo e do lugar. Para Montaner (2017, p.43), o “Fun Palace foi um diagrama antecipatório que se desdobrou mais tarde no Centre Georges Pompidou em Paris (1972-1977), de Renzo Piano e Richard Rogers”.

diagrama renzo

– Figura: Fun Palace (1961), Cedric Price. Disponível em: <http://www.audacity.org/SM-26-11-07-01.htm> Acesso em Julho/ 2017

 

REFERÊNCIAS

Adaptado por Carolina Amarante Boaventura a partir da dissertação:

BOAVENTURA, Carolina A. Processos diagramáticos de projeto no espaço socioinformacional: Uma experiência no ensino de projeto de Arquitetura. Dissertação de Mestrado, NPGAU/UFMG. Orientadora. Denise Morado. 2017. Disponível em: https://praxis.arq.ufmg.br/textos/disserta-boaventura.pdf

Referências:

– ARELLANO, Mónica. “Sobre o deslocamento do corpo na arquitetura: o Modulor de Le Corbusier” [Sobre la dislocación del cuerpo en la arquitectura: El Modulor de Le Corbusier] 24 Fev 2019. ArchDaily Brasil. (Trad. Daudén, Julia). Disponível em:  <https://www.archdaily.com.br/br/911962/sobre-o-deslocamento-do-corpo-na-arquitetura-o-modulor-de-le-corbusier> ISSN 0719-8906. Acesso em Junho/ 2021.

– GARCIA, Mark (Coord). The diagrams of architecture. Chichester: Wiley, 2010. 320 p. (AD Reader)

– MATHEWS, Stanley. The Fun Palace: Cedric Price’s experiment in architecture and technology. Technoetic Arts: A Journal of Speculative Research. v. 3, n. 2, 2005. Disponível em: <http://www.bcchang.com/transfer/articles/2/18346584.pdf>. Acesso em julho de 2017.

– MONTANER, Josep Maria. Do diagrama às experiências, rumo a uma arquitetura de ação. São Paulo: Gustavo Gili, 2017. 192p.

*Imagem de capa: Diagrams, Luplau & Pousen architects. Disponível em: <https://www10.aeccafe.com/blogs/arch-showcase/2012/02/12/the-city-in-the-building-in-aarhus-harbour-denmark-by-adept-and-luplau-poulsen-architects/> Acesso em Agosto/2022

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